Mulher e a Saúde Integrativa
A Sociedade Portuguesa de Medicina Integrativa reconhece o valor da Mulher na Sociedade e no Mundo tendo presente que a ciência médica não teve presente até finais do século XX as diferenças entre homens e mulheres nos seus processos de adoecer e os fatores de risco implicados. Existem doenças mais frequentes nas mulheres e outras nos homens, que são influenciadas por fatores biológicos, psicológicos, sociais, ambientais e até de natureza espiritual/religiosa diferentes que condicionam a saúde e o estado de bem estar entre homens e mulheres.
Até ao final do século XX a ciência medica não teve em conta essas diferenças, erros estatísticos que condicionam muitas vezes a não resposta ou menor resposta a tratamentos para as mesmas patologias entre homens e mulheres, manifestação de sinais e sintomas diferenciais entre homens e mulheres para o mesmo diagnóstico, diferentes fatores de risco para o padecimento de diversas patologias, bem como aquelas doenças que são mais frequentes nas mulheres ou inclusivamente exclusivas das mesmas.
Assim, surge o Conceito de Morbilidade Diferencial: Todo o conjunto de fatores de riscos ambientais ou laborais, doenças, motivos de consulta que merecem uma atenção especifica para as mulheres, porque só as mesmas os podem padecer ou apresentam uma maior incidência.
Os fatores que condicionam são vários, desde os biológicos, psicológicos-sociais, ambientais, laborais, e até de natureza religiosa/espiritual que influenciam a saúde e o bem estar da mulher e do homem de forma diferente.
Fatores Biológicos:
– Os transtornos da menstruação, as doenças ou sintomas derivados durante a gravidez, partos, tumores ginecológicos são alguns exemplos exclusivos das mulheres.
As patologias/síndromes com maior incidência no sexo feminino, e que são causa de morte prematura, incapacidade ou doenças cronicas como as doenças auto imunes, as doenças endócrinas como diabetes, alterações da tiroide, da prolactina, doenças do foro mental como a ansiedade e a depressão, ou os novos síndromes de fatiga crónica, sensibilidade química múltipla e fibromialgia como outros exemplos.
– Fatores psico-sociais/religioso-espirituais diferenciais:
Pelas diferentes funções impostas a mulheres e homens na sociedade, que variam também no tempo e lugar, as mulheres apresentam uma maior carga de trabalho, a dupla ou tripla jornada, no cuidado a pessoas idosas, incapacitadas, crianças, a lida doméstica, muitas vezes vitimas de violência laboral e/ ou doméstica ( seja ela de múltiplas formas: sexual, moral, física, bulling) que obviamente terá um impacto no momento de adoecer. As mulheres apresentam maior incidência de patologias do foro mental, como transtornos de ansiedade e depressão, alterações do sono, alterações nos comportamentos alimentares como anorexia e bulimia e consumo de substancias tóxicas, como outros exemplos.
Fatores ambientais, laborais:
O síndrome de fatiga cronica ou sensibilidade química múltipla são alguns dos exemplos de síndromes mais típicos nas mulheres, estando na maioria das situações fatores ambientais/laborais de exposição a produtos químicos de forma repetitiva e permanente ao longo do tempo, facilitando a sua ação de disruptores endócrinos no organismo humano, a partir do qual exercem os seus efeitos nocivos.
Os níveis de stress, sejam por causam laborais, familiares, outras ou sinergias de todas, mantidos de forma cronica traduzem-se num desgaste das glândulas suprarrenais com produção excessiva de cortisol que comporta no final um stress cronico repercutindo-se em patologias cronicas, incapacitantes, de alterações endócrinas como por exemplo a diabetes, a obesidade, doenças auto imunes e até doenças cardiovasculares ou ou tumores.
Invisibilidade na Investigação:
Desde os anos 90 do século passado que em diversos fóruns internacionais foi denunciada a falta de estudos de investigação em mulheres, ou pelo menos que fossem analisados separadamente os dados entre homens e mulheres. Ainda em 2001, (Ramasubbu et al., 2001), apenas 24,6% dos ensaios clínicos incluíam mulheres e 14% com uma analise especifica entre homens e mulheres. Nos dias de hoje, toda a investigação deve já fazer uma analise diferencial e concluir os dados de acordo ao género da amostra populacional usada, sem extrapolação de resultados para o outro género.
A Sociedade Portuguesa de Medicina Integrativa reconhece o valor das mulheres e apoia uma atenção sanitária livre de discriminação por fatores de género, livre de violência contra as mulheres, promovendo uma abordagem integral da saúde das mulheres.
Incitamos as diferentes entidades a realizarem atividades formativas, clínicas e de investigação na área da saúde que façam análise dos dados estatísticos entre mulheres e homens, contribuindo assim para minimizar as desigualdades em saúde entre mulheres e homens.
A Sociedade Portuguesa de Medicina Integrativa criou um programa específico na área da saúde das mulheres e convida todas as entidades particulares, colaboradores/as a aceitarem o desafio deste programa.
OBJETIVOS DO PROGRAMA:
Criado por uma equipa pluridimensional de profissionais sanitários com o objetivo de proporcionar às mulheres acesso à informação científica e recursos que possam melhorar a sua qualidade de vida e a sua saúde duma forma global:
– Divulgar e Formar profissionais de saúde sobre a Morbilidade Diferencial na atenção sanitária e na Investigação.
– Promover Investigação dentro do mesmo conceito.
– Realizar ações de melhoria de políticas públicas para as mulheres.
– Promover às mulheres acesso à informação científica atualizada e outros recursos que sejam úteis para melhorar a sua saúde e qualidade de vida.
– Contribuir para o empoderamento feminino; serem protagonistas da sua própria saúde.
– Apoiar profissionais de saúde do sexo feminino a conhecerem a sua própria saúde e a terem conhecimento sobre morbilidade diferencial que lhes permita desenvolver a sua atividade laboral.
– Fazer redes com outras entidades e grupos de mulheres tanto profissionais como não profissionais de saúde mais dedicadas e interessadas à sua própria saúde.
Façamos Saúde com visão diferencial dos fatores que influenciam a saúde e bem estar entre mulheres e homens!